Neurociência na Educação
Por SIMAIA SAMPAIO – Psicopedagoga Clínica e especialista em Neuropsicologia da Aprendizagem.
http://simaia.blogspot.com.br/2013/07/neurociencia-na-educacao.html
1. Porque, há algum tempo atrás, as escolas passaram a criticar a memorização tentando aboli-la da sala de aula?
Este
equívoco se iniciou quando as escolas passaram a utilizar o
construtivismo como teoria norteadora do processo de aprendizagem.
Entretanto, a adesão ao construtivismo trouxe muita confusão a respeito
de sua prática e a memorização foi confundida com decoreba e
marginalizada.
Obviamente que o construtivismo
trouxe muitos ganhos para o cérebro das crianças, pois se baseia em
fazer relação entre o conteúdo e o contexto em que vive, levando em
conta suas experiências, tornando esta aprendizagem significativa e
armazenada na memória de longo prazo.
2. Porque é importante que o professor tenha noção do funcionamentodo cérebro?
O
cérebro trabalha e funciona melhor quando a informação tem significado
para o aluno, por isso é importante que o professor tenha um
conhecimento prévio do que seu aluno já sabe para que perceba se o que
irá expor fará sentido para o aluno. O cérebro capta, analisa e
transforma estímulos em conhecimento, portanto uma aula criativa, com
estímulos é sinônimo de maior retenção de informações na memória.
As
informações que chegam são apenas dados que circulam pelo córtex
cerebral passando por um tipo de seleção para serem arquivados ou
descartados. Quando encontra sentido na informação é porque quem a
recebe consegue fazer relação com uma informação pré-existente,
transformando dados em aprendizagem.
4. O que acontece se não temos estas informações prévias armazenadas na memória?
Neste
caso a aprendizagem pode ser mais lenta, mas ainda assim pode
acontecer. O aluno precisará ter maior contato com este conteúdo e o
professor poderá facilitar este processo abordando o conteúdo de
diferentes maneiras, principalmente usando os órgãos dos sentidos para
sensibilizar a aprendizagem. Cada pessoa possui uma modalidade de
aprendizagem. Alguns aprendem melhor com estímulos visuais, outros
auditivos, outros táteis/sinestésicos, portanto um mesmo conteúdo poderá
ser abordado de diferentes maneiras.
O cérebro
aprende melhor por associações e se o professor facilitar este processo
como, por exemplo, utilizando pistas mnemônicas a memorização ocorrerá
facilitando o armazenamento de conteúdos.
5. O cérebro consegue se lembrar de todas as informações a que é exposto ou é normal que isto não aconteça?
Não
e nem poderia. O cérebro consegue armazenar as informações mais
relevantes e importantes, aquelas menos importantes não são armazenadas
para que o cérebro não fique sobrecarregado e disponha de mais espaço
para novas informações. É natural que os detalhes sejam descartados, mas
podem ficar armazenados no inconsciente que poderá ser resgatado em um
determinado momento sem que a pessoa precise fazer esforço. Se um
determinado momento for vivenciado por forte emoção os detalhes podem
ser guardados e lembrados por muito tempo, como a roupa que a pessoa
usava quando deu o primeiro beijo, ou o perfume etc.
É
isto que está faltando nas aulas para que se tornem mais significativas
para os alunos, serem recheadas de emoção e significado.
6. Como as informações chegam ao cérebro?
As
informações são captadas pelos órgãos do sentido visão, audição,
paladas, olfato e tato que provocam impulsos elétricos e reações
químicas em lobos diferentes. Após captar a informação estas são
fragmentadas, classificadas e hierarquizadas e depois passam pelo
hipocampo (que fica sob os dois hemisférios) para serem espalhadas pelo
córtex (superfície do cérebro).

7. Como se pode definir memória?
Memória
é um conjunto de procedimentos que nos permite compreender e interagir
com o mundo, levando em conta o contexto e as experiências individuais
vividas pelo indivíduo.
8. Cite alguns tipos de memória.
Quanto à duração:
a.
Memória de curto prazo – é usada para reter uma informação de forma
rápida e depois descartada, como um número de telefone, tempo suficiente
para efetuarmos a ligação, depois descartamos e eliminamos da memória
porque não precisaremos mais dela.
b. Memória de
longo prazo – também chamada de referencial tem a função de arquivar e
consolidar as informações podendo durar, horas, meses e décadas, que são
as chamadas memórias remotas como as memórias de infância. Para que
esta informação tenha durado tanto tempo os estímulos recebidos geraram
novas sinapses, consolidando a informação.
Quanto ao conteúdo:
a. Memória declarativa:
a.1.
Episódica, pois guarda fatos, episódios, acontecimentos, ou seja, as
experiências vividas por cada pessoa. Normalmente é gravada por ter tipo
alguma emoção, algo significativo.
a.2. Semântica – guarda os conhecimentos gerais, do mundo externo, como significado das palavras e conceitos.
b. Memória não declarativa
b.1. Memória de procedimentos – composta pelas habilidades motoras opu sensoriais .
9. Qual a importância da memória de trabalho?
Memória
de trabalho ou ativa - Este tipo de memória é importante para gerenciar
a informação, percebendo a utilidade da informação e se ela deve ser
descartada ou armazenada. No exemplo do telefone, se for um telefone
importante somente naquele momento o cérebro não terá interesse em
armazená-la, ficando na memória de curto prazo e descartada logo depois,
entretanto se for um telefone que precise ser gravado, pois
precisaremos ligar para ele várias vezes, como o da nossa casa por
exemplo, ela passará para a memória de longo prazo, porque é uma
informação importante que precisamos guardar.
10. Que estratégias o professor poderá utilizar para ajudar seu aluno a reter a informação?
- Criar conexões entre os novos conteúdos e os conhecimentos já existentes nos alunos;
-
Estimular todos os órgãos dos sentidos para que o cérebro possa captar
estímulos de diferentes maneiras como sons, imagens, gráficos,
dramatização, músicas, piadas, etc.
- Não ficar tão preso ao texto e utilizar outros recursos como desenhos, gráficos, tabelas.
SIMAIA SAMPAIO – Psicopedagoga Clínica e especialista em Neuropsicologia da Aprendizagem.
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